Biografia

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Porfírio Pereira da Silva, filho de Manuel António da Silva Rebôlo e de Julieta de Miranda Pereira – sobrinho-neto do Padre Manuel Francisco de Miranda, exímio latinista (sendo autor de uma Gramática de Latim, textos literários e exercícios) e um dos grandes impulsionares dos Seminários em Braga –, nasceu na freguesia de Mazarefes, concelho e distrito de Viana do Castelo, Portugal, em 26 de Novembro de 1956.

Depois de viver em Angola durante onze anos, para onde havia ido com cerca de três anos, regressa a Portugal com o então 2.º ano dos Liceus: Tendo partido em 1960, aos três anos e meio, para Angola, aí fez a instrução primária em Maquela do Zombo e S. Salvador do Congo. Frequentou o Liceu Salvador Correia de Sá e a Escola Técnica Paulo Dias de Novais, em Luanda; o Colégio dos Irmãos Maristas, em Silva Porto, e o do Negage, regressando a Portugal [...] em 1971. Ao todo, 11 anos de experiência, as mais variadas e enriquecedoras, não só no plano geográfico ou tópico, como sobretudo no cultural, social e político.

Conheceu, deste modo, e bem de perto, a Angola das múltiplas etnias, costumes e tradições; a Angola dos milicianos a caírem no mato e dos quadros em sossego nas cidades; a Angola minada pelas intrigas e interesses ocultos de países hipocritamente amigos, inclusive através de missionários das terras do «Tio Sam»; a Angola da parafrenália militar fornecida por aqueles cujos tiranetes disfarçados de vendedores de banha de cobra pretenderam submeter o mundo às super-ditadoras; a Angola que teve a inaudita desgraça de ser uma região riquíssima, para afinal vir a encher os cofres dos Midas ambiciosos, e a expulsar, despojados de tudo, e na miséria, tantos que a ajudaram a tornar-se adulta e senhora. Porfírio P. Da Silva, embora retornado três anos antes da diáspora provocada por um nacionalismo estulto e bisonho, acicatado aliás por certos vendilhões de pátrias e desertores, ao menos não esquece jamais que esse antigo rei da Frigia tinha, apesar do ouro a rodos, as orelhas de burro, tal como outros Midas de hoje. – In “Prefácio” do Professor Doutor Amadeu Torres (Castro Gil) ao livro “Chamaram-me Muxicongo: Memórias de um ex-metalúrgico”, editado em 1999, pela APPACDM Distrital de Braga.

Depois de concluído o Curso Geral de Mecânica, na Escola Industrial e Comercial de Viana do Castelo, ingressa nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, em Janeiro de 1974, onde inicia a sua carreira profissional de metalúrgico como Aprendiz de 4.º ano de Caldeireiro Montador. Neste mesmo período, chega a frequentar o 1.º ano dos complementares dos liceus (Liceu Nacional de Viana do Castelo), para ingresso no então Instituto Nacional de Educação Física, acabando por desistir.

Em 1975, é um dos fundadores do Grupo de Acção Cultural e Desportiva de Mazarefes, hoje fundido com a «Casa do Povo» da mesma freguesia, que após a fusão passou a denominar-se por Associação Social, Cultural e Desportiva da Casa do Povo de Mazarefes. É nesta instituição que ajuda a fundar, também, o boletim informativo (policopiado), o qual, por razões várias, só teve um ano de vida.

A 12 de Novembro de 1978 casa com Idalina Alves da Cunha, neta paterna de uma das mais destacadas figuras de Mazarefes, José Gomes da Cunha – Regimento de Infantaria 3, participante na Guerra de 1914-18, detentor de três condecorações: Medalha Comemorativa da França de 1917-18 OB. 56-1-1919; Medalha Vitória O.B. 172-4-12; tendo direito ainda a usar o distintivo correspondente à condecoração da Torre de Espada, concedida ao Batalhão OE. N.º 10 (7.ª série) de 10/07/1920 –, da qual tem três filhos: Filipa (1981), Vasco e Diana (Gémeos nascidos em 1985), e uma neta, de seu nome Dânia (Agosto de 2015).

É nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo que desenvolve a sua actividade profissional durante 21 anos, ascendendo à categoria de Técnico Fabril, depois de passar por Aprendiz, Praticante, Oficial e Preparador de Trabalho, no Suporte Técnico e Administrativo (STA) de Casco. Em 1986, depois de passar cerca de uma semana na SETENAVE e na LISNAVE, é incumbido de reorganizar o sector de montagem de estruturas metálicas, adaptando-o às novas tecnologias. Durante a permanência na empresa, por razões do cabal desempenho das suas funções como Preparador de Trabalho e mais tarde de Técnico Fabril, foi integrado em Acções de Formação respeitantes ao Planeamento e Organização da Produção, à Contabilidade, na vertente da avaliação de custos da Produção e Investimento, à Prevenção e Segurança no Trabalho e à Informática, na óptica do utilizador (MS DOS e Windows).

Em 12 de Abril de 1995 desvincula-se da empresa, por rescisão amigável de contrato, cinco meses depois de ter entrado o seu pedido na Divisão de Pessoal. A partir dessa data, até Outubro desse mesmo ano, dedica-se única e exclusivamente à sua actividade literária e jornalística, principalmente na direcção do jornal «Foz do Lima: Mensário Regional de Opinião, Arte e Cultura», por si fundado em Agosto de 1991, motivado pelo III Congresso Nacional da Imprensa Regional, onde foi secretário executivo, já que, nessa mesma qualidade, era membro da direcção da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Alto Minho, entidade organizadora do mesmo congresso. Tem colaboração dispersa por vários jornais regionais e revistas, nomeadamente: «A Aurora do Lima», «Praça da República», «O Vianense», «Falcão do Minho», «Cardeal Saraiva», «Notícias da Barca», «Amanhecer das Neves», «Viana Social & Cultural», «Minho Gal’Arte». Para trás ficou o seu empenho como membro da Comissão de Informação do jornal e mais tarde revista «Roda do Leme», órgão informativo dos trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e os cursos de Iniciação ao Jornalismo, administrado pela inesquecível Conceição Madruga, e de Repórter e Técnicas Jornalísticas, administrado pelo Centro de Formação de Jornalistas do Porto. Foi redactor do extinto semanário portuense «Norte Popular» e correspondente do «Jornal dos Poetas & Trovadores», de Lisboa.

Foi, ainda, durante vários anos, realizador/apresentador de diversos programas radiofónicos de índole cultural nas Rádios “Alto Minho” e “Geice”, ambas sedeadas em Viana do Castelo.

Em Outubro de 1995, concorre ao lugar de “Auxiliar Administrativo” da Câmara Municipal de Viana do Castelo, sendo integrado na Divisão de Arquivo Municipal. Em 1996, é transferido para a Divisão de Biblioteca Municipal, onde se mantém e onde desempenha as funções de Técnico Superior. É nesta Divisão que no exercício da função desenvolve actividades no âmbito de acções culturais, investigação e documentação. Fica responsável pela organização de exposições, recolha, levantamento, inventariação de diversas fontes culturais e elaboração de suportes documentais. É responsável pela redacção e paginação do Boletim Infanto-Juvenil da Biblioteca Municipal “O BIBLOCAS” que ajuda a criar em Julho de 1999, altura em que seria lançado o n.º 0, e Coordenador Editorial da revista «A Falar de Viana». Para além disso é responsável pela ligação aos escritores e jornais regionais do Alto Minho.

É Licenciado em Filosofia e Pós-graduado e Filosofia Moderna e Contemporânea, pela Universidade do Minho.

Para além de colaborador assíduo da Imprensa Regional é fundador e diretor do jornal Foz do Lima e da revista Íbis. Entre 1999 e 2005 foi presidente da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Alto Minho, onde durante os três mandatos promoveu vários ciclos de conferências e quatro encontros de jornalistas e escritores do Alto Minho: Viana do Castelo (2000), Ponte de Lima (2001), Vila Nova de Cerveira (2002) e Viana do Castelo (2003). Promoveu também o I Congresso Literário do Alto Minho, em Ponte de Lima (2004), tendo participado, ainda, com uma acutilante intervenção no 3.º Encontro de Jornalistas do Norte de Portugal e da Galiza, que teve lugar no Auditório do Hotel Viana Sol, Viana do Castelo, entre os dias 27 a 29 de Outubro de 2000, organizado pelo Centro de Formação de Jornalistas do Porto.

Tem participado e, circunstancialmente, intervindo com comunicações em vários colóquios, simpósios, conferências e congressos, sendo que alguns deles internacionais, tendo pertencido, também, à Comissão de Honra do Colóquio Internacional «Gramática e Humanismo», em homenagem ao Professor Doutor Amadeu Torres (1924-2012), promovido e organizado pelo Centro de Estudos Humanísticos da Faculdade de Filosofia do Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa, entre os dias 20 e 22 de Abril de 2005.

Do seu elenco bibliográfico constam mais de um milhar de artigos, vários prefácios e posfácios.

No campo político tem tido um papel importante, principalmente a nível autárquico: Foi 1.º Secretário da Assembleia de Freguesia de Mazarefes durante um mandato; Secretário da Junta de Freguesia de Mazarefes, também durante um mandato; e foi Tesoureiro da mesma Junta de Freguesia, de 1994 a 2013, o que equivale a cinco mandatos: O que mais me impressiona na personalidade do Porfírio Silva, como cidadão e tal como a sua escrita o reflecte, é a capacidade de conjugar a paixão com a objectividade.

Profundamente empenhado no mundo em que opera, a sua obra traduz, simultaneamente, o fito de mergulhar na vida e de dar testemunho comprometido, mas imparcial, dos tempos que correm.

Afrontando corajosamente contextos adversos, subjazem nas suas mensagens, não só a ânsia, amplamente conseguida, de se transcender a si próprio, como um largo sentimento de fraternidade, que o une ao seu semelhante no ânimo comum de participar na consumação de um melhor destino colectivo.

Se fosse de aceitar que todo o pensamento que não age é aborto ou traição, como dizia Romain Rolland, numa perspectiva de socialização da arte, que se gorou, Porfírio Silva escaparia sempre à condenação daquele juízo, já que a sua obra se vem afirmando, para além do intimismo que denuncia, como expressão acabada de uma autêntica solidariedade humana. – Alberto Marques de Oliveira e Silva (1924-2011), Governador Civil de Viana do Castelo, Constitucionalista e Ministro da Administração Interna do II Governo Constitucional.